Entre Parênteses – 2ª Edição

NÓS MOVEMOS SONHOS

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Um sonho escrito com uma data se torna uma meta. A frase é uma adaptação de uma citação proferida pelo escritor Napoleon Hill. Nesta segunda edição do jornal Entre Parênteses, a expressão se adapta perfeitamente a todas
as seções que fazem parte do seu conteúdo. Transformar a imaginação em realidade requer muito trabalho. Entre os principais destaques da edição, temos a seção Lifestyle, que apresenta o mais recente projeto da Arqos: o inovador bairro
DISTRITQ , cercado por uma reserva permanente de área verde e planejado com um novo conceito de urbanismo, criando um lugar singular que une arquitetura e urbanização sustentáveis, design e natureza.
Para que os leitores possam entender um pouco melhor o propósito inovador do DISTRITQ , a seção Urb esmiúça o conceito da Cidade dos 15 Minutos, uma ideia que nasceu no meio do século passado, transformou-se em teoria nos anos
1990 e virou realidade em Paris, em 2020, pelas mãos da prefeita Anna Hidalgo. Seu pioneirismo foi tão bem-sucedido que outras cidades pelo mundo começam a se planejar para
também colocar a inovadora concepção em prática, como é o caso de Copenhagen, na Dinamarca, e Melbourne, na Austrália.
Outra seção importante que se conecta ao mesmo assunto é Natureza. Nela, a reportagem apresenta o Parque Nacional Serra da Bocaina, uma extensa área de quase 106 mil hectares,
entre São Paulo e o Rio de Janeiro, que vai da serra ao litoral.
Um bom exemplo de ecossistema conservado e protegido, um dos desafios mais importantes do século 21. Avançando na ideia do sonho, as demais seções traçam um breve perfil de
criadores em Entrevista, Art, Cidade, Design e Inovação.

Boa leitura!

DESIGN, NATUREZA E SUSTENTABILIDADE

A inspiração para criar o DISTRITQ com um
conceito inovador e urbanismo diferenciado surgiu a partir do conceito da “Cidade dos 15 Minutos”. Uma premissa urbanística que tem a intenção de transformar centros urbanos em espaços mais acessíveis, sustentáveis e vibrantes. Uma ideia que já é aplicada em cidades reconhecidas mundialmente por promover qualidade de vida aos seus moradores como Paris, Kopenhagen, Melbourne e New York, onde as distâncias de deslocamento são menores e o
pedestre é a prioridade.
Aplicar os conceitos da Cidade dos 15 Minutos significa oferecer aos moradores do DISTRITQ a liberdade de poder ir a pé a variados destinos próximos, desde serviços ao lazer, viver em comunidade, ter a disposição calçadas largas e qualificadas, conectadas à infraestrutura completa
de serviços e à própria natureza, promovendo a vitalidade urbana, a sensação de liberdade e a praticidade, que são demandadas pelo estilo de vida contemporâneo.
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O DISTRITQ é resultado em anos
de planejamento para unir design e natureza em um único lugar. Será um bairro com mais de 600 mil m2 de desenvolvimento, tendo como ativo principal as áreas verdes que serão preservadas,
refletindo o cuidado que temos com a sustentabilidade desde 2019 quando a ARQOS foi fundada.
O planejamento urbano desempenha papel fundamental na promoção da sustentabilidade, pois promove o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, a preservação ambiental e a qualidade de vida da população,
priorizando o uso eficiente dos recursos naturais, a redução das emissões de carbono e o estímulo à mobilidade sustentável. No DISTRITQ , além da
criação de alternativas de mobilidade e preservação das áreas verdes – que são pontos essenciais para garantir o uso sustentável das cidades – serão disponibilizados pontos de compostagem, carga elétrica para veículos,
além da implantação de jardins de chuva que minimizam a poluição da água e contribuem para a conservação dos recursos hídricos.

Além disso, sua arquitetura tem papel fundamental para a composição de uma cidade sustentável e eficiente.
Todos os projetos do DISTRITQ têm certificação ambiental, com redução mínima, em pelo menos, 20% do consumo de energia e água em comparação a um empreendimento tradicional.
Para nós, a importância da boa arquitetura nas cidades vai além da estética. Além disso, o projeto urbanístico foi de fundamental importância para atingir nossos objetivos. Para desenvolver o Plano de desenvolvimento do
DISTRITQ , a ARQOS convidou o escritório Natureza Urbana. “Assim como a Arqos, o escritório Natureza Urbana entende o valor dos espaços públicos para criar ambientes urbanos sustentáveis em todos os aspectos. Por termos valores que coincidem, entendemos que a parceria só traz ótimos frutos”.
A diretoria da ARQOS entende que o público irá reagir positivamente ao conceito inovador do DISTRITQ .
“Acreditamos que a reação será excelente, pois o projeto propõe mais qualidade de vida a todos. Esse, inclusive, é o principal objetivo do conceito de Cidade de 15 minutos, que tem o pedestre como protagonista, a partir da mobilidade de ir e vir, contemplando a natureza, interagindo com a comunidade e com todos os equipamentos de lazer, serviço e comércio oferecidos, com total segurança e praticidade. Ressalto que tratar da mobilidade urbana também é uma medida sustentável, pois diminui a emissão de carbono. Na região, a iniciativa é inédita e promove a vitalidade do espaço público, ao mesmo tempo em que incentiva um estilo de vida saudável aos moradores”.
Para nós, a integração entre as pessoas se consolida com espaços públicos integrados às residências, comércio e serviços, promovendo a
vitalidade, conexões e encontros, gerando uma comunidade ativa e fortalecendo o sentimento de pertencimento dos moradores ao bairro. Para consolidar os conceitos que estamos propondo, o DISTRITQ se divide em três centralidades principais, acessíveis entre si por 10 minutos de caminhada ou por bicicleta.

DISTRITQ: Um bairro com mais 600.000 m² de urbanismo assinado e 3,5 milhões de m² de natureza preservada

Um bairro onde a arquitetura sustentável, o
design e a natureza moldam um novo conceito de vida. Assim será o DISTRITQ: o novo bairro planejado em Tamboré (Santana do Parnaíba), idealizado e com incorporação assinada pela Arqos e com plano de desenvolvimento do
escritório Natureza Urbana. O DISTRITQ se integra a uma das maiores reservas biológicas do Estado de São Paulo, a ReBio Tamboré – uma das maiores em perímetro urbano do país –, com 3,5 milhões de m² de Mata Atlântica intocada. Pela exclusividade do seu entorno, a Arqos criou um
lugar singular, como uma nova referência em planejamento urbano e boas práticas de desenvolvimento numa área de 600.000 m². “A soma das áreas que compõem o projeto é de, aproximadamente, 7,73 hectares de áreas verdes de domínio público, 81,7 hectares de reserva legal e 72,86 hectares de reserva biológica, informa o arquiteto e urbanista Pedro Lira, sócio-fundador do escritório Natureza Urbana, autor do planejamento do bairro, design e arquitetura da paisagem. De acordo com o arquiteto, o grande diferencial do DISTRITQ é o fato de ser um bairro com forte identidade e qualidade. “Buscamos estruturar o território por meio de centralidades, redes de espaços públicos, linguagem única,
rotas de transporte ativo, criação de uma identidade visual, sinalização, entre outras estratégias”, detalha Lira.
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Além do plano de bairro, que regra o desenvolvimento da região ao longo do tempo, foram realizados estudos detalhados da paisagem urbana, que serão objeto de um desenvolvimento futuro. Em uma segunda etapa, serão aprofundadas partes das intervenções inicialmente planejadas para o bairro. O objetivo desse aperfeiçoamento é concretizar “a visão delineada por meio de projetos específicos como a Associação dos Moradores, o Eixo Urbano, a Sinalização e a Comunicação Visual”, complementa o profissional. Entre os principais pilares do DISTRITQ com relação ao desenvolvimento sustentável estão previstas soluções para as mudanças climáticas. “Atualmente, as chuvas e as ilhas de calor são
as principais consequências das mudanças climáticas. Propomos muita integração e que a própria natureza seja o elemento principal norteador dos projetos, gerando um microclima
agradável e único. Apostamos na economia verde e nas SBNs (Soluções baseadas na Natureza) para resolver, por exemplo, drenagens de formas sustentável”, explica o arquiteto.

INOVAÇÕES E EXCLUSIVIDADES PROPOSTAS PELO ESCRITÓRIO NATUREZA URBANA

A proposta de desenvolvimento do DISTRITQ foi planejado pelo escritório Natureza Urbana, que assina também o paisagismo da avenida da centralidade URBE, associação de moradores, mirante, além da comunicação visual do bairro.
O DISTRITQ foi planejado com o conceito da Cidade dos 15 Minutos. Mobilidade acessível e ativa, centralidades de diversas escalas para atendimento das demandas tanto dos moradores quanto do comércio, dos serviços e do lazer. Graças à proximidade com as moradias, esses estabelecimentos estarão localizados a apenas 15 minutos de caminhada.
Essas centralidades formam uma rede. É uma rede de centralidades conectadas. Pois é um bairro onde os terrenos não são contíguos; eles fazem parte, formam um arco e têm situações diferentes
em relação à topografia. Temos uma centralidade na parte alta e, tirando partido dos terrenos disponíveis, criamos centralidade logo na entrada do bairro, com um caráter comercial e esportivo, como uma espécie de clube do bairro. Isso ainda está no plano das ideias, temos que ver como
se viabilizará. A outra centralidade é, de repente, ter um mercado e um polo gastronômico. Também existem áreas, de segunda escala, próximas de cada condomínio que podem se converter em escalas para cada copropriedade. Além disso, já está planejado o Urbe, que será o eixo principal de conexão, com praças e sede
da Associação de Moradores, um lugar de convívio e reunião para os moradores. São centralidades com propriedades distintas.
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Um bairro onde a arquitetura sustentável, o
design e a natureza moldam um novo conceito de vida.
Assim será o distritq: o novo bairro planejado
em tamboré (santana do parnaíba), idealizado e com incorporação assinada pela arqos e com projeto urbanístico assinado pelos escritórios natureza urbana e strato urbanismo.

Quando se fala de identidade visual única, fazemos referência aos vários elementos que compõem os espaços urbanos, como, por exemplo, o mobiliário, que tem várias funções, como quiosques, mobiliários fixos e flexíveis, que permitem desde a contemplação até a prática
de esportes; os elementos de paisagem;
e as intercessões intermodais, que permitem a mobilidade ativa. Em conjunto, esses elementos compõem um circuito, e daí se percebe a identidade do local que, com a sinalização, gera harmonicamente essa força do bairro.
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Paradas Inteligentes

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O bairro está dividido em diferentes condomínios e possui uma escala extensa que demanda a promoção de conexões, entre áreas a fim de viabilizar uma mobilidade mais ativa e sustentável. Nesse contexto, faz parte da proposta de bairro o uso de paradas de ônibus inteligentes, que promovem o uso de meios alternativos de transporte, e até mesmo a uma estação de bicicletas elétricas, bike sharing.

Dispositivos de moderação do tráfego

São dispositivos para moderar ou baixar a velocidade, como as lombofaixas, estreitar as ruas e ampliar as calçadas. Esses artifícios são usados em projetos contemporâneos de sistema viário a fim de promover mais segurança aos pedestres.
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Áreas verdes condominiais

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Além das áreas públicas do bairro, que servem como elemento conector. Existem também áreas verdes exclusivas de cada empreendimento. No Urbe, que tem desenho urbano desenvolvido pela Strato Urbanismo, e paisagismo pelo Natureza Urbana, as áreas verdes estarão integradas ao Eixo Viário Principal, às praças, às áreas de convivência e à Associação dos Moradores.

Urbe -
É o maior projeto a ser desenvolvido no DISTRITQ. Vai concentrar a maior densidade populacional e espaços de uso misto. O Urbe é a principal centralidade do distrito, também com a maior oferta de áreas de lazer públicas, incluindo a Associação dos Moradores. O desenho urbano do Urbe foi idealizado pelo escritório Strato Urbanismo, enquanto o Natureza Urbana assina o projeto de paisagismo urbano, comunicação visual e associação de moradores.

Mirante Arqos -
Polo gastronômico de pequena escala que será uma referência para o bairro e a região, com um mirante para as áreas de reserva do bairro.

Boulevard -
O Boulevard será o ponto de chegada ao DISTRITQ . Se trata do espaço livre de passeios localizada estrategicamente em frente aos condomínios da ARQOS na altura da Escola St. Nicholas, promovendo a articulação entre o espaço edificado e o de uso público. O Boulevard será como uma grande praça pública, ativada também por pequenos comércios e espaços de lazer. A esquina de chegada ao bairro será o maior ponto de destaque, servindo como ponto de chegada do boulevard, tendo o térreo das torres como fachada ativa podendo abrigar lojas ou serviços de conveniência do dia a dia.

DISTRITQ -
Urbanismo, Arquitetura, Paisagismo: Strato Urbanismo e Natureza Urbana.
Área total: 600.000 m².
Unidades residenciais: Mais de 700 unidades.

Condomínio Vista Alta -
Condomínio residencial horizontal com 4 modelos de casas isoladas, com dimensões de 170 a 238 m².

Boulevard Alti -
Condomínios verticais com fachada ativa (frente comercial), conectados por longa calçada parque. Primeiro lançamento com unidades de 106 e 277 m².

Alameda -
Alameda residencial vertical e horizontal, com tipologias de residências de 210 m² e 250 m² e apartamentos de 106 m² e 136 m².

Urbe -
Projetos de uso misto, promovendo a vitalidade do bairro. Desenho da avenida Jardim, qualificada com paisagismo e design viário (streetscaping) exclusivo, fluxo restrito de veículos e instalação da sede da Associação dos Moradores.


Todas as informações desta página dupla são do escritório Natureza Urbana, autores do plano de bairro do Distritq.
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OS DESAFIOS DE UMA COMUNIDADE PLANEJADA

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Antes de nascer como bairro, o projeto urbanístico do bairro DISTRITQ nasceu com um piloto: o Condomínio Vista Alta. A partir da ideia de implantação de um condomínio de casas nas propriedades da Arqos, em Tamboré, o escritório Bicalho Navarro Advogados foi convidado para elaborar os desafios de uma comunidade planejada, preparando toda a documentação e organização da incorporação imobiliária do condomínio. Os primeiros instrumentos jurídicos que iriam nortear essa comunidade planejada.
Diante do lançamento bem-sucedido do Vista Alta, somado às demais propriedades da Arqos em Tamboré – com 600 mil m² de área disponível para serem desenvolvidos outros empreendimentos em meio a uma das maiores reservas biológicas do Estado de São Paulo, com 3,5 milhões de m² –, surgiu a proposta de consolidação de um bairro com a assinatura da ARQOS. Quando se fala de bairros planejados, um dos maiores desafios encontrados para sua consolidação é a estruturação dos planos urbanísticos através da aprovação dos projetos, e principalmente, da criação de um senso de comunidade. A harmonia estética e visual pode ser atingida através da elaboração dos projetos urbanísticos e de arquitetura sob controle da própria ARQOS, mas o desafio é fazer com que os moradores entendam que eles também fazem parte desse compromisso com o desenvolvimento de um bairro de assinatura. Nesse sentido, em reunião com a ARQOS, pensamos em elaborar a estrutura jurídica. Essa identidade pode ser garantida, por exemplo, pelos instrumentos e diretrizes regrados ao lado:

• Regulamento Interno e Código de
Conduta: Desenvolvimento de um regulamento interno claro que estabeleça regras e normas para a convivência no bairro. Esse código deve abranger aspectos como manutenção das áreas comuns, regras para modificações nas propriedades, e normas para eventos e atividades comunitárias.

• Associação de Moradores: Criar uma associação de moradores que possa atuar como intermediária entre os residentes e a administração do bairro. A associação pode ser responsável pela implementação e fiscalização das normas estabelecidas, bem como pela organização de eventos e atividades que promovam a integração entre os moradores.

• Plano de Comunicação: Desenvolver um plano de comunicação eficaz para informar os moradores sobre as normas e eventos. Isso pode incluir newsletters, reuniões periódicas, e um portal online onde os residentes possam acessar informações e fazer sugestões.

• Mecanismos de Mediação de Conflitos: Estabelecer mecanismos para a resolução de conflitos entre moradores, como um comitê de mediação ou um processo formal de queixas. Isso ajudará a manter um ambiente harmonioso e a resolver disputas de forma justa e eficiente.

• Programas de Engajamento Comunitário: Implementar programas e eventos que incentivem a participação dos moradores na vida comunitária, como feiras, workshops e atividades de voluntariado. Esses eventos podem fortalecer o senso de pertencimento e promover uma cultura de cooperação e respeito.

• Monitoramento e Avaliação: Criar um sistema para monitorar e avaliar a eficácia das políticas e práticas implementadas. Isso pode incluir pesquisas de satisfação dos moradores e avaliações periódicas das normas e regulamentos.

• Parcerias com Profissionais e Especialistas: Colaborar com arquitetos, urbanistas e especialistas em desenvolvimento comunitário para garantir que as práticas e regulamentações estejam alinhadas com as melhores práticas e tendências atuais.

Essas diretrizes ajudarão a estabelecer uma base sólida para a governança e o desenvolvimento sustentável do bairro planejado, promovendo uma comunidade coesa e comprometida com o ambiente em que vive.

Atualmente estamos conversando com a Arqos para consolidarmos o Estatuto Social dessa Associação, que já possui sua primeira minuta, a fim de orquestrarmos os diferentes propósitos conceituais dos empreendimentos – Design, Centralidade e Natureza – e como operacionalizá-los no dia a dia da comunidade. Em outras palavras, é a partir do Estatuto Social que o DISTRITQ, segundo a diretoria do escritório Bicalho Navarro Advogados, serão estabelecidos seus propósitos, estrutura e gestão executiva, com liberdade de deliberação e alteração por seus associados.
Diante de um projeto tão inovador como o DISTRITQ, estamos elaborando uma estrutura administrativa – de votos e diretoria – que contemple a autonomia de cada condomínio e liberdade para execução de seus projetos, sem a necessidade de uma burocracia engessada. Planejamos a constituição de Comitês de Trabalho para áreas específicas, como Segurança e Integração Social, visando promover um senso de comunidade entre os residentes do DISTRITQ. O novo bairro representa mais do que simplesmente um empreendimento imobiliário, é uma comunidade planejada que busca centralizar suas necessidades administrativas em prol da qualidade de vida de seus moradores. Num contexto que abarca 17 empreendimentos em 600 mil m², a importância de uma estrutura jurídica sólida não pode ser subestimada, sendo fundamental para o êxito de uma comunidade urbana que almeja proporcionar bem-estar e excelência aos seus habitantes.

DESIGN INTEGRADO À NATUREZA

O escritório de arquitetura e urbanismo Natureza Urbana é o responsável pelo plano de bairro do DISTRITQ. Ainda na fase final de desenvolvimento, o projeto foi iniciado em 2023 e levou oito meses para a sua criação. O partido do DISTRITQ foi o de criar um conceito de bairro que reúne arquitetura, urbanismo, design e natureza; e como unir todas essas áreas para que as pessoas que irão morar ali tenham o sentimento de pertencimento de viver em um bairro, um lugar de convivência a partir do conceito do design integrado à natureza.
O escritório é formado pelos sócios-fundadores Pedro Lira e Manoela Machado, pelas sócias Júlia Ximenes e Camila Reis, dos associados Breno Pilot e Laís Pimentel, além de 23 colaboradores. O jornal Entre Parênteses fez uma entrevista exclusiva com o arquiteto e urbanista Pedro Lira, sócio-fundador do escritório Natureza Urbana.
Na sequência, alguns dos principais trechos dessa conversa.

Por que o nome do escritório se chama Natureza Urbana? Como você e a Manoela Machado definiram o conceito e o escopo de trabalho do escritório?

Pedro Lira:
Eu e Manoela somos pernambucanos e moramos em Recife até 2005. Decidimos ir para a Espanha e desenvolvemos parte da nossa carreira lá. Trabalhei 11 anos em uma empresa internacional espanhola, um entre os 40 maiores escritórios de arquitetura e urbanismo em escala mundial. Quando voltamos para o Brasil, em 2010, foi com o propósito de abrir uma filial brasileira desse escritório e, o que nos surpreendeu muito, foi a dicotomia que a gente tem, aqui em São Paulo – a cidade escolhida para abrir a filial do escritório espanhol no Brasil – entre o ambiente urbano das nossas cidades, ainda mais na capital paulista, e a natureza que temos muito próxima da cidade, como a Serra do Mar, por exemplo, lugares que tem a distância de apenas meia hora entre a cidade e o contato com o verde, ou mesmo na Zona Sul de São Paulo, que são muito pouco conhecidos pela população. O Brasil é considerado um dos países símbolo da Natureza, considerado como um dos países com maior potencial para o ecoturismo, mas ainda é muito pouco desenvolvido, tanto que nossa relação com a Amazônia é muito distante. Ficamos muito tocados por essa experiência
de estar nesses lugares de natureza. Começamos a trabalhar com parques estaduais e nacionais, isso ainda na empresa espanhola, e ao vivenciar muito a natureza brasileira, pouco conhecida pela maioria da população, percebemos que nós queríamos trabalhar com o meio ambiente. Foi a partir daí, que entendemos a nossa vocação: a de conectar mais as pessoas com a natureza, o ambiente natural com as nossas cidades. Quando decidimos abrir nosso escritório, o nome Natureza Urbana veio justamente desse interesse em promover essa integração entre o ambiente construído, que são as cidades e o ambiente natural e, também, poder estruturar esses lugares naturais brasileiros para que as pessoas possam
conhecer ou conviver com eles. Esse conceito norteia todos os projetos desenvolvidos por nosso escritório que têm masterplans, projetos de parques nacionais, etc. O escopo do nosso trabalho vem desse interesse e dessa vocação que somente um país, como o nosso permite: esse potencial enorme para que sua natureza seja mais conhecida, seja mais vivenciada e faça parte das nossas vidas.
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O escritório é formado por você, a Manoela Machado, a Júlia Ximenes e a Camila Reis. Como é a dinâmica do escritório e o trabalho em conjunto?

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Pedro Lira:
Temos 23 pessoas no escritório atualmente. Eu e Manoela, somos os administradores, que de alguma forma, estabelecemos o direcionamento do escritório, criamos as bases e guiamos esse barco. Júlia e Camila, também como sócias, se incorporaram nos últimos cinco anos, mas com as funções de nos apoiar no desenvolvimento do escritório, na coordenação dos projetos, na organização das equipes e temos ainda, os associados Breno Pilot e Laís Pimentel (que vive e trabalha na Espanha), que contribuem na coordenação dos projetos e das equipes. O escritório é dividido em duas áreas. Um de Planejamento, voltado para os masterplans, consultorias, parcerias públicos privadas (PPPs), planos de grande escala, em todas as etapas de planejamento e o conceito geral, onde estou à frente, junto com a Júlia, o Breno e a Laís. A Manoela e a Camila estão à frente do Departamento de Projetos, desde os primeiros rascunhos até a etapa dos projetos executivos, com a entrega dos projetos completos aos clientes. Fora isso, toda a equipe do escritório colabora com a coordenação dos projetos.

Como vocês se atualizam em Inovação e Conservação da Biodiversidade para aplicar nos projetos do Natureza Urbana?

Pedro Lira:
Trabalhamos sempre em contextos diferentes e em projetos geralmente diferenciados e, com isso, nos habituamos aos diferentes desafios que
cada um exige. Com essas experiências, consequentemente aprendemos um pouquinho a cada novo projeto. Uma coisa importante é que não gostamos de repetição. Por exemplo, têm alguns escritórios de arquitetura, que por imposição do mercado, acabam desenvolvendo processos repetitivos. Então nesse contexto
de atualização, os nossos projetos são multidisciplinares e envolvem sempre um
olhar para a conservação, para o cuidado ambiental, para o entendimento de quais são os elementos naturais daquela determinada área onde estamos atuando e como podemos potencializar tanto a conservação do lugar, a relação das pessoas com essas áreas, então em nossos projetos sempre fazemos essa leitura. O
trabalho multidisciplinar também é importante para nós. São trabalhos que nos complementam, portanto contamos com a colaboração de engenheiros ambientais e parceiros da área ambiental. Essa é outra forma de nos renovar e aprender. Fora isso, estamos sempre envolvidos com clientes e projetos que estão dentro dessa agenda atual de conservação e inovação em conservação da biodiversidade, como projetos ligados às economias verde e azul (termo relacionado com a exploração, preservação e regeneração do ambiente marinho), mudanças climáticas, fomento ao desenvolvimento de turismo e natureza. Os nossos clientes têm
essa agenda também, é uma forma de
estarmos trabalhando nesse setor e, obviamente, sempre buscando ler, se informar, pois a teoria ajuda a prática do nosso trabalho. Ainda nessa linha, é preciso dizer que o Brasil está à frente de muitos países na Agenda Ambiental, portanto é
bom saber que somos pioneiros por estar
com essa agenda no Brasil, um fato que
nosso escritório tem sido conhecido e convidado por clientes de outros países para trabalhar nessa agenda, para ajudar a estruturar ecoturismo e planejamento natural em outros países, com projetos na África e no Oriente Médio.

Além de São Paulo, quais são a cidades no Brasil e no exterior que vocês têm projetos?

Pedro Lira:
Atualmente temos projetos em todas as regiões do Brasil, não só em cidades, mas também em lugares que são destinos turísticos e áreas rurais. Fora do Brasil, atualmente temos projetos na África, especificamente em Cabo Verde, e no Oriente Médio, nos Emirados Árabes Unidos.

Qual foi o projeto mais desafiador que o escritório fez e que ficou marcado na história profissional de vocês? Por quê?

Pedro Lira:
Sempre gostamos de novos desafios, então nossos projetos sempre são desafiadores, mas para citar alguns, eu falaria dos projetos que são
executados em cidades: o desafio de trabalhar em um ambiente que tem população, que tem situações sociais de degradação complexas, que o projeto precisa ajudar a reestruturar, que tem restrições de orçamento, além de lidar com a agenda política local. Então, pensando nesse âmbito, tem o projeto de revitalização da
orla de São Luís, no Maranhão, com o Terminal e Parque Urbano. Foi um projeto bastante desafiador, porque tinha uma região equivalente a Cracolândia de São Paulo, ocupados por dependentes químicos em situação de rua, então criamos uma frente de trabalho social, precisou endereçar isso no projeto e trazer soluções que não estavam previstas no projeto original, mas
o resultado foi bastante positivo, levando em conta todos os condicionantes e restrições de órgãos governamentais. Outro projeto que foi desafiador e, que ainda está em obra, é a requalificação da área central de Maringá, o Eixo Monumental de Maringá. Requalificar o eixo central de uma cidade de 500 mil habitantes, que
envolve uma série de equipamentos e as verificações do entorno desse eixo é de uma complexidade muito grande, tanto que o projeto levou um pouco mais de tempo que o habitual pela dificuldade que envolve. Para terminar, na escala de planejamento, eu falaria da estruturação da concessão do Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, que foi desafiador em princípio, pois precisávamos absorver todas as características únicas daquele lugar. Outro desafio é trabalhar fora do Brasil, que tem sido uma constante, é desafiador, mas gratificante.
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Como o Natureza Urbana é focado em projetos que se integram à natureza, como é feita a pesquisa para a busca de materiais e novos materiais para uso nos projetos?

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Pedro Lira:
Nesse ponto, infelizmente no Brasil, é desafiador, porque muitas vezes lidamos com orçamentos muito baixos, não só públicos, mas também
em projetos privados. Então, muitas vezes não existe uma total liberdade na seleção dos materiais apropriados e precisamos ser criativos. Nós acreditamos muito no low tech, projetos que utilizam baixa tecnologia, então pensamos em
soluções de baixo impacto e que sejam fáceis de implementação, que sejam de baixo custo e o uso de materiais disponíveis no local, mas também temos utilizado algumas soluções que o mercado
oferece, como por exemplo, para edificações, madeiras laminadas e pré-fabricadas, que usamos em nossos projetos e pretendemos usar mais à medida que se tornem mais viáveis no mercado local, mas a prioridade sempre é olhar para o
que está disponível na região.

O escritório já acumula diversos prêmios desde a sua fundação em 2012. Quais deles são os mais
significativos e considerados importantes por vocês?

Pedro Lira:
Todos os prêmios têm a sua importância, desde premiações nacionais como o do IAB, a seleção dos nossos projetos para a Agenda 2030 do
Guia UIA (União Internacional dos Arquitetos), premiações que recebemos na China, na Ásia, no Azerbaijão, onde há um prêmio internacional de hospitalidade que recebemos, também o prêmio de melhor escritório de paisagem da América Latina e, neste ano, fomos selecionados como destaque na América Latina entre os escritórios de arquitetura da paisagem e de edificação.

Quais são as perspectivas de vocês em desenvolver projetos urbanos diante das mudanças climáticas que começam a impactar cidades mundo afora?

Pedro Lira:
É essencial esse olhar
para as mudanças climáticas e é essencial ter um olhar para a natureza, entender que esse lugar que a gente ocupa no mundo já foi só natureza, antes e permanece sendo natureza ao lado das concentrações urbanas, ainda que a gente tenha impactado e construído acima dela. Recentemente, essa tragédia no Rio Grande do Sul, as áreas que foram alagadas, que estavam no centro de Porto Alegre foram aterradas, assim
como de outras cidades do Sul, então não é aleatório, temos que entender o ecossistema do local e trabalhar com soluções baseadas de forma mais integrada à natureza, deixando os biomas terem os espaços deles, isso será cada vez mais necessário diante das mudanças climáticas.

Quais seriam os modelos de desenvolvimento urbano integrados com a natureza que estão dando certo?

Pedro Lira:
Acreditamos que é pensarmos em soluções baseadas na natureza para questões como drenagem, principalmente para saber lidar com a água, saber trabalhar para a redução das ilhas de calor, para que seja preservada a vegetação do local; ter áreas sombreadas; promover mobilidade ativa, que além de causar menos impacto de poluentes no ar, também proporciona saúde; promover mais integração com o desenvolvimento local, por isso a ideia do bairro DISTRITQ , da ARQOS, que é bastante bem-vinda, para que as pessoas vivenciem o bairro, fazer as coisas do dia a dia próximas de casa, caminhando ou se locomovendo por bicicletas ou com um sistema de transporte sustentável.
Isso faz toda a diferença, porque quanto mais a gente precisa se deslocar, quanto mais a nossa casa e o trabalho estão distantes mais infraestrutura viária é necessária, esse tipo de deslocamento gera impacto no ambiente, então nós precisamos viver, cada vez menos, como usuários de grandes estruturas.
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A CIDADE DOS 15 MINUTOS

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Viver, trabalhar, comprar, cuidar da saúde, educar e divertir-se num raio de 15 minutos?
Esse é o conceito de Cidade dos 15 Minutos, que está em evolução em alguns dos mais importantes estudos de especialistas do novo urbanismo neste começo de século e também em práticas bem-sucedidas. Cidades como Paris, Copenhagen e Melbourne já são pioneiras e projetam que até o ano de 2050 a tendência seja uma realidade em suas comunidades.

O QUE É UMA CIDADE DOS 15 MINUTOS?

O conceito de cidades dos 15 minutos pode ser considerado recente, mas quando direcionamos nosso olhar para a história do planejamento urbano, é perceptível o progresso de diversos paradigmas que embasam essa nova ideia de se viver em comunidades urbanas. O mentor da ideia é o urbanista colombiano – radicado em
Paris – Carlos Moreno, professor da Universidade Sorbonne. O conceito foi apresentado em 2015, em um encontro das Nações Unidas, em que estavam sendo debatidas as formas de reduzir as emissões de gás carbônico (CO2) e encontrar soluções menos poluentes para reduzir (ou substituir) o tráfego de automóveis movidos a combustíveis fósseis. Nesse encontro, foi possível perceber que o foco ambiental sobre a mobilidade se deslocou para a ideia de proximidade, uma solução mais óbvia e de fácil aplicação com o encurtamento das distâncias que os cidadãos percorrem diariamente.

PARIS

Pensar em cidades e bairros densos, com diversidade de usos e pessoas e que atendam às necessidades da população, faz parte das ideias inovadoras apresentadas por Jane Jacobs desde 1960. Jane foi uma influente ativista norte-americana, autora do célebre livro “Morte e Vida das Grandes Cidades”.
Além dela, outros importantes pensadores dos movimentos sociais urbanos surgiram após o movimento Moderno, com novas reflexões e conceitos sobre a urbe em obras de Ebenezer Howard, Clarence Perry, Gordon Cullen e outros. De uma forma bem resumida, Carlos Moreno conseguiu estabelecer o conceito de “cidade dos 15 minutos” como um território urbano onde os seus moradores podem acessar todas as suas necessidades básicas em caminhadas de 15 minutos, sendo possível viver, trabalhar, estudar, ter cuidados médicos e espaços de lazer dentro de um raio confortável de caminhada.

Esse conceito ganhou maior ênfase e se popularizou quando Anne Hidalgo, graduada em Direito, tornou-se prefeita de Paris em 2014. Anne se reelegeu em 2020 e até hoje está no comando da cidade. Sua campanha de reeleição foi baseada na concepção “Paris du Quart d’Heure”. A proposta conquistou os cidadãos parisienses por ser uma ideia resiliente, pois a cidade, assim como o mundo, sofria as consequências causadas pela pandemia da covid-19.
Com a primeira onda dos bloqueios em decorrência da doença, em 2020, a gestão de Anne aproveitou o momento para dar o primeiro passo rumo à Cidade dos 15 Minutos e ampliou o conjunto de ciclofaixas temporárias e o cronograma de fechamento de ruas para garantir mais espaço ao distanciamento social. Hoje, a cidade possui mais de mil quilômetros de rotas cicloviárias, incluindo ciclovias segregadas, ciclofaixas pintadas sobre o pavimento e faixas de ônibus que foram convertidas e, atualmente, são abertas para ciclistas. Paris também focou em transformar estabelecimentos educacionais em centros comunitários para criar bairros mais saudáveis. A medida principal foi a abertura dos pátios de escolas e creches depois do horário comercial e nos finais de semana, para oferecer aos moradores espaços públicos de lazer.

A medida foi complementada por um programa de pedestrianização (ruas livres de carros) de vias escolares com o objetivo de incentivar meios de transporte seguros e não motorizados nos deslocamentos até a escola. Matthieu Cornet, morador do 18º distrito em Paris e pai de três filhos, contou sobre como aproveita comodidades importantes próximas de sua casa, como lojas, espaços verdes e de lazer, piscina e outros serviços públicos. “É por meio do projeto Cidade dos 15 Minutos que podemos usufruir essa proximidade com os serviços que nos rodeiam. É uma grande vantagem quando você vive na cidade”.
O desenvolvimento urbano focado nos moradores tem provocado mudanças na forma como a cidade é administrada.
Novas medidas devolvem determinados aspectos e decisões políticas aos distritos municipais e suas subprefeituras. Paris criou oportunidades de participação para que os moradores de todos os distritos possam contribuir com o planejamento na escala dos bairros e obter melhorias como novos espaços verdes, embelezamento do ambiente urbano, mobiliário público e infraestruturas de micromobilidade. Em 2021, a cidade também disponibilizou um orçamento participativo de 75 milhões de euros que os moradores podem distribuir entre os projetos a partir de votações. A empreitada de Anna Hildago para concretizar a Cidade dos 15 Minutos depois de uma pandemia traumática chamou a atenção de prefeitos, prefeitas e outras lideranças urbanas em todo o mundo como um exemplo de recuperação pós-pandêmica. O conceito foi adotado de diferentes formas por muitas cidades, como Melbourne (Austrália), Copenhagen (Dinamarca), Amsterdam (Holanda), Xangai (China), Portland (Estados Unidos), Toronto (Canadá), entre outras.
No coração do projeto para Paris, as escolas estão organizadas como “capitais”, ou seja, centros dos respectivos distritos. Para isso, alguns pátios escolares estão sendo convertidos em parques, aptos a serem também utilizados para outras atividades após as aulas e nos fins de semana. Além disso, metade das 140 mil vagas de estacionamento da capital serão redesenhadas e convertidas em espaços verdes, playgrounds, áreas para interação entre vizinhos ou vagas para bicicletas.
Até 2026, a meta é que todas as ruas da capital francesa sejam atraentes para ciclistas.

O QUE ACONTECEU EM PARIS?

• O bairro é a célula da vida urbana.
• Tem mais de 1.000 km dedicados a bicicletas.
• O uso do carro diminuiu 46%.
• Devolução das ruas aos cidadãos.
• As escolas foram abertas ao público, à noite e nos fins de semana, tornando-se espaços de reunião e lazer.
• Criação de 100 hectares dedicados à agricultura urbana, com hortas comunitárias.
• A Câmara de Paris comprou mais de 62 mil lojas privadas que serão destinadas ao comércio local e ao lazer.
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COPENHAGEN

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No distrito de Nordhavnen, a ideia da Cidade
dos 15 Minutos tem frutificado. Com a integração de metrô, bicicletas e caminhadas, tudo pode ser alcançado em 5 minutos no distrito. A área será servida por uma via elevada de metrô e uma rede de bicicletas que criarão uma artéria verde na cidade. O objetivo é que os residentes façam mais de 50% de suas viagens a pé, de bicicleta, de transporte público ou de carona. Atualmente, 40% a 50% das viagens diárias de seus residentes são feitas por um meio de transporte diferente de seus veículos tradicionais.

MELBOURNE

Em Melbourne, o governo local apresentou o programa piloto de bairro de 20 minutos ainda em 2018. A escolha de 20 minutos aconteceu porque uma pesquisa mostrou que este é o tempo máximo que as pessoas estão dispostas a caminhar para acessar as necessidades diárias localmente. Isso representa uma caminhada de 8 mil metros de casa até um destino e vice-versa. Em muitos locais, o ciclismo e a caminhada foram promovidos e até mesmo novas ciclovias foram criadas e estão em processo de expansão pela cidade.
Melbourne é a cidade de mais rápido crescimento na Austrália, com uma previsão de aumento da população de 2,9 milhões até 2051 (atualmente, a população de Melbourne é de pouco menos de 4,9 milhões). O crescimento populacional esperado, juntamente com as circunstâncias variáveis que as alterações climáticas trazem, exigiu um princípio organizador para preparar Melbourne para o futuro. Esse princípio é o bairro de 20 minutos.
Para reduzir os impactos desse crescimento populacional, foi desenvolvido o Melbourne Plan, criado para gerir esta trajetória de crescimento, assegurando infraestruturas comunitárias, habitação, fornecendo transportes públicos e, mais importante ainda, satisfazendo as necessidades de uma cidade em crescimento. Além disso, os planejadores da cidade estão considerando as circunstâncias de mudança que advêm do fato de Melbourne ser uma cidade costeira, a fim de conter as inevitáveis alterações climáticas.

O gerente do Departamento de Transporte e Planejamento de Melbourne, Marcus Dessewffy, é o Gestor de Projeto que atua para implementar o conceito de bairro de 20 minutos. Para Marcus e a sua equipe, as deslocações a pé são essenciais para criar bairros sustentáveis e habitáveis. “Para nós, a essência dos bairros de 20 minutos é a acessibilidade a pé, a capacidade de as pessoas satisfazerem a maior parte das suas necessidades cotidianas a uma curta distância de casa, como o acesso aos supermercados, mercearias, cafés, parques, bibliotecas e escolas”, explica. Uma vez que a teoria foi desenvolvida como uma alternativa a uma sociedade orientada para o automóvel, a redução da dependência de veículos é frequentemente apresentada como um dos principais benefícios deste conceito de planeamento urbano. De acordo com Dessewffy, as tecnologias emergentes, como os veículos elétricos e autônomos, são promissoras na redução das emissões, mas podem inadvertidamente perpetuar padrões insustentáveis de expansão urbana e requisitos de infraestruturas cada vez maiores. Assim, sublinha que “não podemos confiar nas tecnologias emergentes para resolver todos os nossos problemas de crescimento e sustentabilidade, precisamos, antes, de uma combinação de utilização dos solos e de um ambiente urbano que dê prioridade às deslocações a pé”.
A meta é que, até 2050, Melbourne esteja
totalmente inserida no conceito de cidade dos 15 minutos.
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O DNA DO FGMF

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Com apenas 25 anos de atuação no mercado
de arquitetura, o FGMF é um dos mais prestigiados escritórios brasileiros por sua
arquitetura arrojada, diferenciada e única.

Fundado em 1999 por Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz – arquitetos graduados na FAU-USP –, o escritório FGMF em poucos anos de atuação conquistou prestígio, respeito e premiações internacionais por seus arrojados projetos de arquitetura contemporânea. O trio é formado por esses profissionais que possuem além de pós-graduações e especializações na área, uma ampla e importante experiência em canteiros de obras.
De acordo com eles, suas características pessoais e profissionais são distintas, porém complementares, o que resulta em uma visão arquitetônica bastante abrangente e plural, relevelada a cada projeto.
O escritório nasceu com o propósito de produzir uma arquitetura contemporânea, sem restrições ao uso de materiais e com técnicas construtivas diversas, e investigar a relação entre a arquitetura e o homem. Embasado na experiência profissional e acadêmica dos sócios, o FGMF busca uma aproximação diferente e inovadora em todos os projetos propostos. “Não há fórmulas predefinidas ou rígidas: a cada desafio, partimos do zero e fazemos do desenho o nosso instrumento de pesquisa para elaborar uma nova visão de edifício, objeto e cidade”, afirmam os sócios.
Entre os diversos projetos assinados pelo trio e sua equipe de arquitetos, o FGMF teve a oportunidade de lidar com um amplo espectro de programas e escalas arquitetônicas. “Isso sempre reforçou nossa crença de que, como a vida, a arquitetura deve ser plural, heterogênea e dinâmica”, acreditam os três.
Todo esse trabalho e dedicação resultou na indicação e vencimento de relevantes prêmios nacionais e internacionais.

Entre os mais recentes internacionais, o escritório se orgulha do italiano Dedalo Minosse; dos americanos Chicago Athenaeum, IIDA e Bloomberg Americas Awards; do alemão AIT Awards; do colombiano Rogelio Salmona; do indiano Monsoon Awards; do francês Prix Versailles Unesco, entre outros. No Brasil, receberam, entre outros, em 2016, a premiação máxima da ASBEA (Associação
Brasileira dos Escritórios de Arquitetura),
o Prêmio Roberto Aflalo, pelo conjunto da
obra do biênio 2015-2016.
Como prova do seu prestígio e relevância pela qualidade de seus trabalhos, a FGMF foi escolhida como o primeiro escritório brasileiro a fazer parte no Architects Directory, da revista britânica Wallpaper, que apresenta anualmente os 30 escritórios de arquitetura “mais talentosos do mundo”, e também é o único brasileiro a ter sido premiado no WAN Awards 21 for 21, premiação que elegeu os 21 jovens líderes da arquitetura do século XXI. Além disso, seus projetos são constantemente publicados em revistas especializadas na Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Portugal, China, Eslovênia, Coreia, Índia, Grécia, Espanha, Argentina e Colômbia. Fora
a diversidade de projetos que desenvolve
todos os anos, o escritório tem participado de exposições e bienais nacionais e
internacionais. “Mais do que o reconhecimento por um trabalho bem-feito, isso é
um estímulo para o nosso foco em projetos criativos e eficientes”, se orgulham todos os arquitetos do FGMF.
CONDOMÍNIO VISTA ALTA O escritório FGMF desenvolveu o projeto do Condomínio Vista Alta para a ARQOS. Localizado em Tamboré, o condomínio ocupa uma área total de quase 150.000 m², com apenas 115 unidades residenciais de 170 m² a 238 m². O residencial é cercado por mais de 100.000 m² de Mata Atlântica preservada. O Vista Alta conta com uma grande área de lazer para os moradores. Seu clube foi pensado para contemplar diversas atividades esportivas e de lazer e, para isso, apresenta ambientes que estão conectados a uma passarela que é um mirante para a mata.
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OS NOVOS CAMINHOS DE ERNESTO NETO

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A reflexão sobre o mundo atual é o que motiva 39 as atuais criações do consagrado artista plástico com projeção internacional.

O artista brasileiro é aclamado internacionalmente e conquistou notoriedade no circuito internacional de arte nos últimos trinta anos. Talvez esse sucesso de público e crítica esteja na escolha pouco convencional dos materiais, na simultaneidade das estruturas internas e externas, no contraste entre o orgânico e o mecânico e nas qualidades de sensualidade e liberdade tátil, características que traduzem sua originalidade no meio artístico. Neto descreve suas esculturas como organismos vivos que transgridem todas as limitações. Suas esculturas biomórficas suaves, com aromas e áudios, muitas vezes criadas em colaboração com artesãos e povos indígenas, ainda fazem parte do seu imaginário, mas em suas mais recentes exposições o artista tem apresentado uma nova fase do seu trabalho, menos fabulosa e mais questionadora sobre a sobrevivência no planeta.

O artista brasileiro Ernesto Neto é conhecido por seu processo criativo que envolve instalações em ambientes imersivos, em grande escala, que convidam os visitantes a interagirem com a obra (como fazia o também brasileiro Hélio Oiticica, nos anos 1960 e 1970), incentivando-os a ver, sentir e se conectar de uma forma única e transcendental com uma obra de arte que naturalmente tem um contato inacessível e censurado em qualquer museu no mundo.

Em 2022, com a exposição ‘Ulti41 matum’, na Galeria Max Hetzler, em Paris, convidou os espectadores a considerar o tempo que nos resta para reduzir a utilização dos recursos do planeta. Com o objetivo de reconectar os visitantes com a natureza e, por sua vez, com eles mesmos, a instalação apresentava um tronco de árvore metafórico por onde se podia entrar e, nesse caminho pela instalação, as pessoas se deparavam com desenhos de soja em fundos escuros que evocavam a cor do petróleo, remetendo ao óleo que é encontrado naturalmente no meio ambiente – mas que não é extraído de forma natural. No mesmo ano, desta vez em Nova York, na Tanya Bonakdar Gallery, com a exibição ‘Between Earth and Sky’, Neto ocupou várias salas da galeria com esculturas que representavam o ciclo da natureza. Nessa experiência, os visitantes foram convidados a tirar os sapatos, deitar-se e contemplar sua ligação com o mundo natural. Uma forma de chamar a atenção de que os humanos dependem completamente da plenitude e da saúde da natureza.
São trabalhos recentes que comunicam a urgência das mudanças climáticas e despertam para o questionamento da relação dos humanos com a natureza.
“Essa exposição foi um grito de socorro porque o consumo dessa devastação é internacional. Como todos sabemos, o problema é mundial. As mudanças climáticas já são uma realidade, e não vemos respostas suficientes por parte da sociedade capitalista” afirma o artista.
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UMA CIDADE SOBRE AS ÁGUAS

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Uma nova cidade chinesa sobre a água, inspirada no estilo de vida italiano.

O Pininfarina foi selecionada para projetar o Plano
Diretor de uma nova cidade que irá surgir nos arredores de Xangai. A cidade vai se chamar Blue Loop, totalmente inserida sobre as águas de um rio e inspirada no estilo de vida italiano. O estúdio conhecido internacionalmente por trazer sua experiência em design automotivo e seu conceito estético para o campo da arquitetura, foi selecionado pelo Governo Popular da cidade de Zaozhuang, entre mais de quatro conceituados escritórios de arquitetura, para projetar o Plano Diretor da cidade nos arredores de Xangai, com urbanização no curso no delta do Rio Yangtze.

A água será o principal elemento com o qual se movimentará e interagirá a nova cidade. Uma nova rede de canais, alguns dos quais navegáveis, constitui a ligação infraestrutural e paisagística entre a vila e o lago central. A cidade será caracterizada por quatro bairros com diferentes densidades habitacionais e urbanas, progredindo de leste a oeste: Marina, Lungo Lago, Città Vecchia e Laguna.

ECOSSISTEMA URBANO

O Blue Loop foi concebido de acordo com as diretrizes estabelecidas no Plano Nacional de Desenvolvimento Terrestre e Espacial do Delta do Rio Yangtze (2019-2035), desenvolvendo seus temas principais: a água como impulso necessário para criar cidades de baixo impacto, a criação de uma cultura de uma civilização ecológica e o legado das cidades aquáticas. O Blue Loop conectará três diferentes ecossistemas integrados: Italy-City, uma cidade inspirada nos espaços urbanos e no estilo de vida italiano; o Innovation Valley, com escritórios, centros de pesquisa e universidades; e Energia, um centro dedicado à produção de energia e alimentos.

UMA MISTURA DE PATRIMÔNIO RURAL E INOVAÇÃO

Com o objetivo de reforçar a cooperação estratégica sino-italiana, iniciada com a assinatura do Memorando de Entendimento pelos Presidentes Sergio Mattarella e Xi Jinping em 2020, o Blue Loop foi concebido como um sistema de água contínuo que apoia tanto o património rural existente como novos e inovadores desenvolvimentos urbanos, conectando-os diretamente com a cidade aquática de Xitang, Patrimônio Mundial da UNESCO.
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ÉLÉGANCE

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Radicado em Milão, o designer francês Philippe Nigro estudou artes aplicadas na Design Industriel à La Martinière, em Lyon; e DSAA Design Produit & Pobilier, na École Boulle. Atualmente, desenha peças para as mais conceituadas empresas de design do mundo.

Da nova geração de designers europeus, Philippe Nigro iniciou a carreira como assistente no escritório de um dos mestres do design italiano, Michele de Lucchi. De lá para cá, alçou voo próprio e hoje desenha para as mais importantes fabricantes de design internacional, como as italianas Driade, De Padova, Bavovier&Toso, Foscarini e Gervasoni; as francesas Ligne Roset, Hermès e Baccarat; a japonesa Lexus, entre outras. Nigro desafia materiais, métodos de produção e formas para explorar novas e inovadoras formas.
Caracterizado por uma ligação entre a investigação prospectiva e a apreciação pragmática do savoir-faire dos fabricantes com quem trabalha, Nigro transita entre projetos de diferentes escalas, para marcas conhecidas, indústria de luxo e artesanato local. Ao longo dos anos, essas experiências – enriquecidas por uma mistura da cultura franco-italiana – permitiram que ele se destacasse entre as mais diversas vertentes o design. Seus projetos abrangem produtos, mobiliário, iluminação, interiores, eventos e cenografia, e sua carreira meteórica (ele tem apenas 49 anos) já lhe rendeu prestígio ao ter peças que fazem parte de coleções do Centre Pompidou e do Musée des Arts Decoratifs de Paris.
Ao falar como imprime sua assinatura em suas criações, o designer destaca a compreensão do espírito e do DNA das marcas com as quais colabora. “Acho que todas as minhas peças têm em comum um certo toque de elegância, combinado a um tom de ironia. Mas, para mim, a assinatura de um designer deve ser secundária: não devemos vê-la imediatamente, à primeira vista, antes da marca para a qual o objeto foi concebido. A ideia de design de Philippe Nigro
vai além do estilo. “Meu trabalho é para contribuir e ajudar a criar objetos mais duráveis, que você pode manter, amar e guardar como uma herança para a família. Ao projetar, tento trazer uma nova perspectiva, uma nova resposta para que uma peça se destaque entre milhões de coisas que já existem”.

DESIGN

O designer tem seu estúdio particular em casa. Segundo ele, não é possível diferenciar entre espaço de trabalho e espaço doméstico. “O que quero dizer é que, para mim, a fronteira não existe, realmente: um espaço dialoga com o outro. Meu estilo de vida natural é que meu estúdio é minha casa, e minha casa, meu estúdio. Preciso ver e sentir os objetos que desenho, compro e encontro, misturados com objetos domésticos cotidianos”, revela o designer.

PARA SEGUIR
philippenigro.com
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PARQUE NACIONAL DA SERRA DA BOCAINA

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Com quase 106 mil hectares, o parque se estende desde altitudes superiores a 2 mil metros, na região serrana, até o nível do mar, no litoral.

Entre São Paulo e Rio de Janeiro, o Parque Nacional Serra da Bocaina – fundado em 1970 tem aproximadamente 106 mil hectares de mata nativa, grandes variações de altitude, diversas paisagens e atrativos naturais como cachoeiras, rios, picos, mirantes, praias e piscinas naturas, sem contar a riqueza da flora e da fauna, típicas da Mata Atlântica. Outro aspecto, que somente ele apresenta para os seus visitantes, é o seu lado cult pelo interesse histórico e cultural, como os caminhos e as trilhas da era do ouro que o atravessavam, remanescentes da época dos tropeiros, assim como a cultura caipira e caiçara
conservadas em suas porções serranas e litorâneas.

SERRA

Também chamada de “parte alta”, é onde o visitante encontra suas cachoeiras, picos e mirantes. Nessa região do parque é que inicia o Caminho de Mambucaba, a mais famosa das
trilhas de ouro. Esse roteiro tem acesso por São José do Barreiro, no Vale do Paraíba. Além de São José, a região da serra inclui as cidades de Areias, Cunha, Silveiras, Arapeí e Bananal com inúmeras opções de circuitos ecoturísticos. O destaque fica por conta das trilhas, realizadas geralmente a pé em percursos que variam de meia hora a vários dias, passando por rios, cachoeiras, vales, picos, mirantes e lugares de interesse cultural. Nessa região, o único acesso permitido para o interior do parque é pela portaria em São José do Barreiro (278 km de São Paulo). Entre os circuitos mais visitados da região serrana estão os seguintes:
O Caminho de Mambucaba (também conhecido como Trilha do Ouro) tem início na portaria do parque e termina no sertão de Mambucaba, em Angra dos Reis (RJ). Dentro dessa unidade de conservação são percorridos cerca de 50 Km, geralmente feitos em três dias de caminhada. A Cachoeira Santo Isidro é a queda d’água (70 metros) mais próxima da portaria do parque. Fica a 1,5 Km de distância, percorrida em 45 minutos de caminhada. Com uma queda da aproximadamente 50m de altura, forma um poço com fundo arenoso, perfeito para banho.
A chegada é feita pelo topo da cachoeira, o que exige uma certa atenção na descida até o poço.

NATUREZA

Próximo a ela, temos a Cachoeira das Posses, a 8 km da portaria, em São José do Barreiro, com uma queda de aproximadamente 40m de altura. As ruínas presentes na trilha que leva à cachoeira são um registro histórico de uma antiga fazenda responsável pela plantação e extração de pinus, cedrinho português e eucalipto. Depois dela, temos a Cachoeira do Veado, a mais famosa do parque, por estar muito próxima do Caminho de Mambucaba. A cachoeira possui três quedas, sendo que a segunda é a maior (100 metros). O acesso à queda mais baixa não apresenta dificuldade, mas o trajeto fica mais complicado em direção às demais quedas d’água. Sua trilha é um dos locais mais preservados do parque. A Pedra da Macela, a 1.840 m de altitude e vista de 360 graus, é a mais relevante entre os mirantes do Parque. Embora esteja localizada em Paraty (RJ), seu acesso é pela cidade de Cunha (SP). Sua popularidade certamente está relacionada à contemplação da paisagem exuberante, tirando o máximo de proveito da interação serra e mar, o que compensa as quase duas horas de caminhada morro acima. Do outro ponto do mirante, é possível apreciar boa parte do Vale do Paraíba. A partir de lá, o visitante pode iniciar a longa descida em direção ao litoral, na vertente atlântica do parque. O calçamento de pedras, dos tempos da Coroa, remete a uma viagem no tempo e exige muita atenção na descida.

Dali é possível avistar a Cachoeira do Esguicho, localizada em área de difícil acesso e sem poço para banho. Chegando ao final da trilha, ainda resta cerca de 20 Km (a maior parte em estrada de terra) até a estrada BR-101 (que dá acesso às cidades litorâneas de Itaguai, Mangaratiba, Angra dos Reis, Paraty, Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela, Juqueí e Bertioga). Para esse último trecho, vale combinar uma carona com amigos ou agências de turismo. Além da Pedra da Macela, o pico Tira Chapéu, com 2.088 m de altitude, está entre os dez pontos mais altos de São Paulo. Do alto, tem vista para o Vale do Paraíba, o Vale do Mambucaba e São Luiz do Paraitinga. O acesso pode ser feito por dois caminhos diferentes. Um inicia-se pela fazenda Pinheirinho, vizinha do parque, onde os moradores indicam a trilha. O outro acesso se dá pela pela fazenda Cincerro, no sentido Cabana do Pai Tomás. Da cabana até o cume são cerca de 5 km de subida. Por ser uma trilha considerada de alto grau de dificuldade, recomenda-se o acompanhamento de um guia. Outra dica está bem próxima da portaria do parque em São José do Barreiro, o Mirante do Sobrado, que tem aproximadamente 1.850 m de altitude.
A subida de duas horas de caminhada leva ao ponto mais alto, que dá vista para todo o vale do Rio Mambucaba, onde se vê a Pedra da Macela e a Pedra do Frade. Fica exatamente na divisa do parque com a Fazenda Floresta.
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QUANDO IR À SERRA

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O melhor período para visitar a região serrana do Parque Nacional da Serra da Bocaina é entre os meses de maio e agosto, quando chove menos. Porém, essa é a época mais fria e, portanto, menos favorável para os banhos de cachoeira. Nesse período, a temperatura média é de 10°C e as mínimas podem chegar a 2°C negativo nas madrugadas mais frias.

LITORAL

A região litorânea do parque inclui as cidades de Ubatuba, Picinguaba, Paraty e Angra dos Reis. É uma região de belas praias, costões rochosos, piscinas naturais e pequenos rios com corredeiras e quedas d’água, tendo como pano de fundo a Serra do Mar, coberta pela Mata Atlântica. Trindade é o único trecho do parque com atrativos marinhos. Ali estão duas das mais belas praias de Paraty e uma piscina natural cercada de vegetação nativa e história caiçara. A Praia do Meio tem duas pequenas enseadas, onde desemboca um pequeno rio. É o atrativo de acesso mais fácil em Trindade e, por isso, costuma ser bem movimentada nos feriados. Suas águas são esverdeadas e transparentes.
A Praia da Caixa d’Aço é a mais extensa do parque. Seu acesso se dá por uma trilha de 400 metros, saindo da Praia do Meio. Por seu tamanho e acesso, é menos frequentada. Tem águas cristalinas azul-esverdeadas e, em algumas épocas do ano, fica boa para a prática de surf.
O Rio Mambucaba nasce no alto da Serra da Bocaina, em São José do Barreiro, e desce em direção ao litoral, desaguando na divisa entre Paraty e Angra dos Reis. Acompanhando a maior parte do seu curso, segue uma das trilhas do ouro mais famosas da região, anteriormente usada por comerciantes e contrabandistas.
Em seu trecho final, chamado Sertão de Mambucaba, o rio fica mais raso, de águas transparentes e fundo pedregoso, com algumas corredeiras, e oferece ótimas condições para banho e prática de rafting. O acesso ao Sertão de Mambucaba é pela BR 101, na altura do Parque Mambucaba (também conhecido como Perequê), em Angra dos Reis.

QUANDO IR AO LITORAL

Para quem quer tranquilidade, é melhor evitar a alta temporada (dezembro a fevereiro e julho) e os feriados prolongados, quando as praias ficam lotadas e os congestionamentos são frequentes.

COMO CHEGAR

O Parque Nacional da Serra da Bocaina possui sede e atrativos tanto na região serrana como no litoral. Os principais atrativos da serra podem ser acessados por São José do Barreiro, no Vale do Paraíba, onde está localizada a portaria oficial. Os atrativos do litoral situam-se nas proximidades de Paraty, onde está localizada a subsede do parque.

PORTARIA EM SÃO JOSÉ DO BARREIRO

De veículo particular, a cidade está a 200 km do Rio de Janeiro, 278 km de São Paulo e 520 km de Belo Horizonte.
Quem vem do Rio deve seguir pela rodovia Presidente Dutra até Barra Mansa, entrando na RJ-157 em direção a Bananal e dali seguindo até São José do Barreiro.
Muito importante: em Bananal existe uma placa indicando “Serra da Bocaina”, mas o certo é ignorá-la, pois o caminho conduz a uma região da serra sem estrada oficial para o parque. A partir de São Paulo, segue-se pela rodovia Presidente Dutra, entrando em Silveiras ou Queluz. Ambas as estradas conduzem a Areias e São José do Barreiro.

PORTARIA EM TRINDADE (PARATY)

De automóvel próprio, Paraty situa-se a cerca de 240 km do Rio de Janeiro, 300 km de São Paulo e 610 km de Belo Horizonte.
A partir do Rio, o percurso é todo feito pela BR 101 (Rio-Santos), passando por Mangaratiba e Angra dos Reis.
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A CASA INTELIGENTE É SUSTENTÁVEL

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Com o objetivo de preservar a natureza, as casas do futuro apresentam soluções para economizar os recursos naturais no ambiente doméstico.

Casas do futuro têm como premissa usar a tecnologia em prol de mais sustentabilidade, eficiência e acessibilidade. A busca por formas mais sustentáveis de se viver nos grandes centros tem se tornado uma prioridade em todo o mundo, e o aumento da urbanização e os desafios relacionados a infraestrutura, energia e sustentabilidade são cruciais para repensarmos a forma como construímos e habitamos as cidades. Nesse contexto, as casas do futuro sustentáveis desempenham um papel fundamental, considerando a relação de interdependência estabelecida entre elas com as cidades e o mundo.

TECNOLOGIAS INTELIGENTES PARA CASAS EFICIENTES

Na busca por residências sustentáveis, a integração de tecnologias inteligentes desponta como uma das principais características para construções sustentáveis. Mas tudo deve começar no projeto de arquitetura com o uso de materiais de construção sustentáveis. O uso de materia prima de baixo impacto ambiental, como madeira certificada, concreto reciclado, tintas sem VOC (Compostos Orgânicos Voláteis) e isolamentos eco-friendly, ou uma série de materiais inusitados, como o cânhamo e o milho, também contribui para a sustentabilidade de uma residência e o seu baixo impacto ecológico. A partir desse elemento básico, ao permitir o controle e o monitoramento de sistemas essenciais, como energia, iluminação, segurança e conforto, essas inovações visam não apenas tornar as moradias mais eficientes em termos energéticos, mas também proporcionar uma experiência de comodidade e bem-estar aos moradores.
Com a capacidade de gerenciar o consumo de energia de forma precisa e automática, é possível reduzir significativamente os gastos mensais, além de contribuir para a preservação do meio ambiente. Além disso, o controle inteligente da iluminação permite uma adaptação precisa às necessidades de cada ambiente, garantindo o máximo de conforto, acessibilidade e economia.

INOVAÇÃO

No quesito segurança, sistemas integrados e inteligentes permitem o monitoramento remoto da residência, oferecendo tranquilidade e agilidade na tomada de providências frente a qualquer ocorrência. Quando combinadas, essas tecnologias podem promover uma verdadeira revolução, criando um ambiente contemporâneo, conectado e eficiente.

ENERGIAS RENOVÁVEIS

Os conceitos de sustentabilidade e eficiência caminham lado a lado. Para isso, a tecnologia dos painéis solares, sistemas de captação de água da chuva, telhados verdes, ventilação eficiente e tecnologias de armazenamento de energia são alguns exemplos de como as casas podem se tornar autossuficientes em relação ao consumo dos recursos naturais. Dessa forma, é possível reduzir a dependência da energia elétrica convencional, proveniente de fontes não renováveis, além de contribuir com a diminuição da emissão de gases de efeito estufa. Com o uso inteligente dessas tecnologias, as casas do futuro estarão totalmente alinhadas à transição global
para uma matriz energética mais limpa, que tem como objetivo a descarbonização do planeta, necessária e urgente para conter as mudanças climáticas.

Além dos benefícios ambientais, a adoção dessas soluções traz vantagens econômicas para os moradores, com a redução dos custos de energia elétrica e água. A incorporação da energia solar é uma das mais procuradas no âmbito da arquitetura residencial. Além de receber incentivos em diferentes partes do mundo, o uso de sistemas solares lidera a procura dentro das soluções sustentáveis justamente porque os benefícios da sua instalação podem ser vistos em um curto espaço de tempo, com uma redução de até 95% dos gastos mensais com energia. Ademais, a vida útil de um painel solar pode chegar a até 25 anos, funcionando de forma totalmente autônoma e requerendo apenas uma limpeza básica uma vez por ano.
Sistemas de coleta e armazenamento de água pluvial permitem o reúso para fins não potáveis, como irrigação de jardins e descarga de banheiros.
Além de aproveitar a água da chuva na arquitetura, a captação de águas pluviais colabora com as infraestruturas de drenagem urbana no caso de chuvas fortes, ajudando a evitar os desastres causados por enchentes.

COMUNIDADE CONSCIENTE

Outro aspecto importante para o futuro das habitações é a criação de espaços mais verdes e saudáveis. Jardins verticais, telhados verdes, hortas urbanas comunitárias e áreas de lazer construídas com materiais sustentáveis são soluções que podem ser adotadas para aumentar
a qualidade de vida dos moradores.
É importante ressaltar, porém, que todas as soluções só podem ser consideradas assertivas se forem projetadas levando em consideração a acessibilidade e a inclusão social integradas ao planejamento urbano das cidades, incluindo a participação da própria comunidade.
Levar qualidade de vida aos humanos de todas as idades e condições de saúde também é fundamental. Estratégias arquitetônicas, como rampas de acesso, elevadores e barras de apoio
garantem que pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida possam desfrutar plenamente de suas residências.
Além disso, os espaços comunitários fortalecem os laços entre os moradores e criam uma comunidade mais engajada e consciente.
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SALÃO DO MÓVEL DE MILÃO 2024: PADRÕES, TENDÊNCIAS E COMPORTAMENTO HUMANO

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A Semana de Design de Milão de 2024 aconteceu em abril, e nós, do Architecture Hunter, tivemos a oportunidade de visitá-la. Para quem não está familiarizado com o evento, a MDW (Milano Design Week) é o principal momento do ano em que marcas do segmento de design, de todas as partes do mundo, apresentam suas novidades. O evento começou há várias décadas com o Salone del Mobile, uma feira dedicada ao setor moveleiro. Com o tempo, algumas marcas passaram a promover eventos em seus próprios showrooms e flagship stores na cidade, conhecidos como Eventos FuoriSaloni. Com a crescente popularidade da MDW, Milão passou atrair cada vez mais pessoas, e instalações artísticas começaram a surgir pela cidade. Assim, essa semana se transformou não apenas em um evento comercial para lançamentos, mas também em um momento cultural significativo.
Seria um tanto arrogante da minha parte apresentar “as tendências absolutas do Design vistas em Milão”, visto que esse é um evento global, com profissionais e marcas de todas as partes e culturas diferentes do mundo. Estima-se que neste ano ocorreram mais de 1000 eventos paralelos ao Salone del Mobile. Portanto, não existe uma única MDW, nem uma única tendência. Não gosto de ditar regras ou afirmar o que vemos como se fosse “a única coisa que está acontecendo no planeta”. Há uma frase que diz: “é fácil notar um carro amarelo quando você só pensa em carros amarelos”.
Se eu te perguntar quantos táxis cruzaram seu caminho na última vez que você andou de carro, você provavelmente não saberá dizer o número exato.

Mas se eu te oferecer R$1.000 a cada táxi que avistar no seu próximo trajeto, ao final você saberá exatamente quantos foram. As tendências são plurais e, ao mesmo tempo, particulares. São um padrão que começamos a observar a partir do momento que as notamos com mais frequência.
A percepção dessas tendências está carregada de nossas próprias influências e do que nos chama a atenção. Dito isso, podemos apresentar certos
padrões que foram observados pelo nosso time editorial, e que estão de acordo com linha de curadoria particular do Architecture Hunter. Antes de compartilhar nossas novas percepções, é importante destacar padrões que temos observado desde as últimas edições da MDW pós pandemia, e que continuam a se fortalecer. Isso indica que, além de perdurar por mais edições, essas tendências já fazem parte do cotidiano das pessoas. Duas dessas tendências são a forte organicidade e as paletas terrosas – que, analisando bem, talvez sejam extensões uma da outra. O interessante é que essa tendência vai além do design. Vivemos uma era em que o natural está sendo resgatado de todas as formas: na alimentação orgânica, na materialidade da moda, entre outros. Após uma grande onda de industrialização e um sentimento de superficialidade, faz sentido que o comportamento humano busque o oposto, procurando algo mais autêntico e humano. Na arquitetura, design de interiores e de produtos, vemos formas curvilíneas, amorfas e imprevisíveis, carregadas de “imperfeições”, frequentemente combinadas com texturas naturais e tons terrosos.

Uma nova tendência que percebemos, e que parece ser uma continuidade das duas anteriores, é a presença do marrom escuro.
Especificamente, notamos a substituição do preto por essa cor. Em muitos momentos e lugares, o que à distância parecia ser preto (cor que tanto nos agrada e tão frequente em outras edições da MDW), ao nos aproximarmos, revelava-se um tom bem forte de marrom. Isso faz sentido, parecendo quase um movimento de “aterroar” (licença poética para a criação desse termo) a cor preta. Em termos de
cores, observamos dois padrões: o azul e o verde
quase se tornaram cores neutras nas paletas, enquanto cores mais vibrantes eram mais pontuais, geralmente em uma única peça, muitas vezes em variações de amarelo e laranja. Houve inúmeros lançamentos de marcas de diferentes segmentos, desde móveis até acabamentos e revestimentos, que optaram pelo azul e pelo verde. Parece quase como se a paleta terrosa estivesse sendo complementada pelo céu e pela vegetação. Um material que, à primeira vista, parece ser o oposto de tudo o que citamos até agora e que foi extremamente frequente na MDW é o inox, ou acabamentos cromados semelhantes. Sua presença estava em diversas formas: revestimentos de paredes, mobiliários, detalhes em produtos e combinações com outros materiais, até peças inteiramente feitas de inox. O que nos chamou a atenção foi que esse elemento não estava presente apenas de forma solitária ou combinado com cores esperadas, como branco e cinza, que complementam seu aspecto mais “futurista”. Ele apareceu em sintonia com a organicidade, criando uma combinação surpreendentemente harmoniosa. Mas para nós, isso também fez muito sentido. Parece natural que, após uma forte busca pela organicidade, esse comportamento quase tenha sido uma espécie de negação ao mundo excessivamente tecnológico. No entanto, negar uma realidade também não parece ser natural. Parece ser conflitante. Portanto, o encontro entre a estética orgânica e “futurista” está muito alinhado com a imagem que se constrói do ser humano dos anos 2020.

No design, nós tomamos a liberdade de
apelidar esse encontro de “hi-lo” (high-low ou alto-baixo), um termo emprestado da moda. Nessa esfera, a tendência busca combinar opostos, elementos que geralmente não estariam juntos. Por exemplo, um blazer, normalmente associado à formalidade, em um estilo oversized (roupas desenhadas para serem maiores e mais largas do que o ajuste padrão), combinado com leggings e tênis de corrida. Para concluir o panorama das tendências em design do morar e habitar, há um padrão que tem sido observado com frequência nas últimas edições da MDW. Não se trata de materiais, estilos de design ou algo assim. Na verdade, estamos nos referindo a algo muito específico dos eventos da MDW, mas que merece destaque pois pode fornecer insights sobre o comportamento humano. É bastante evidente que, independentemente da origem e cultura da marca que expõe em Milão, há uma grande quantidade de experiências pela cidade onde a apresentação do produto fica em segundo plano. Mas o que exatamente isso significa? Para nós, uma das experiências mais surpreendentes foi a exposição da Gaggenau, uma marca alemã de eletrodomésticos de luxo, que ocorreu na histórica residência Villa Necchi Campiglio, datada de 1935. Ao chegarmos ao espaço com o objetivo de conhecer seus novos lançamentos, nos deparamos com um espetáculo de ballet contemporâneo, cativante e emocionante. Ficamos verdadeiramente tocados e só depois da performance pudemos explorar os produtos, mas mesmo assim, em grupos pequenos e com restrições quanto à fotografia em muitos ambientes.

No próprio Salone del Mobile, é raro encontrar estandes que não sejam exclusivamente voltados para a exposição de produtos, o que não é necessariamente um problema. No entanto, a
japonesa Draft About Draft surpreendeu este ano com uma instalação completamente artística e interativa, que não estava diretamente e obviamente relacionada aos seus lançamentos de mobiliário. Para nós, isso significa que a experiência da pessoa com a marca é muito mais impactante do que simplesmente apresentar um produto com intenções unicamente comerciais. Em uma semana como a MDW, onde literalmente ocorrem mais de 1.000 eventos, como competir pela atenção e criar algo que fique marcado na memória dos visitantes? Como não ser apenas “mais uma cadeira”, “mais um sofá” ou “mais um revestimento”? Para nós, fica claro que o envolvimento emocional criado por uma marca provavelmente tem muito mais chances. E isso não se aplica apenas à Milano Design Week.

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